Sete bueiros do centro do Rio estão prestes a explodir, diz Crea após vistoria; prefeito convoca reunião
O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) identificou nesta sexta-feira (8) que sete bueiros da região central do Rio de Janeiro estão prestes a explodir. O instituto chega a mencionar que “as chances são de 100%” caso alguma centelha seja acesa no local. Cinco deles estão localizados na rua Uruguaiana, entre a rua Sete de Setembro e a rua da Alfândega, e os outros dois ficam nas ruas da Assembleia e Sete de Setembro. A informação foi confirmada depois de uma vistoria em 21 bueiros realizada nesta manhã em conjunto com técnicos da concessionária de fornecimento de energia elétrica da cidade, Light. Assustado, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) decidiu convocar uma reunião de emergência para discutir o assunto. Ainda segundo o Crea, quatro bueiros não apresentaram indícios de gás e o restante foi considerado insalubre, ou seja, apesar de não oferecer riscos para a população, apresenta condições impróprias caso algum funcionário precise descer e realizar algum reparo. O Crea adotou um novo procedimento para realizar a pesquisa: a utilização do "explosímetro", um moderno aparelho que identifica a presença de gás na rede subterrânea. O estudo considera a probabilidade de explosão caso alguma centelha seja acesa nas proximidades de cada bueiro. O engenheiro do Crea, Luiz Consenza, afirmou que a Light não deve ser a única responsabilizada pela explosão dos bueiros. “A origem desse gás tem que ser identificada, mas há enorme possibilidade de que seja da CEG [Companhia Estadual de Gás]. Para que uma explosão ocorra é necessário oxigênio, gás e um elemento que faça a ignição, que pode ser um fósforo ou um curto-circuito. A presença de 5% a 15% de gás já oferece risco. O que ficou comprovado é que independentemente da quantidade, foi constatada a presença de gás no subsolo da cidade. Não importa, nesse momento, apontar culpados, mas sim, encontrar uma solução para que isso não ocorra.” Na próxima semana, em data a ser definida, o Crea deve vistoriar bueiros no bairro de Copacabana. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), se reúne nesta sexta-feira (8) com representantes da CEG, do Crea, do Ministério Público e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O encontro foi marcado em caráter de urgência depois que o Crea identificou pelo menos cinco bueiros do centro da cidade com 100% de chances de explosão. O prefeito pretende cobrar uma postura mais ativa das concessionárias de fornecimento de energia elétrica e gás "para garantir a segurança da população". A rede subterrânea de fornecimento de energia elétrica da Light pode ter até 4.000 bueiros com risco de explosão, de acordo com o levantamento feito pelo Ministério Público. Desses, cerca de 1.770 precisam de reparos em caráter emergencial. A empresa assinou na quarta-feira (6) um Termo de Ajustamento e Conduta (TAC), pelo qual será obrigada a reformá-los até dezembro deste ano. Segundo o promotor Pedro Rubim Borges Fortes, os pontos de maior risco estão localizados em ruas do centro e da zona sul. O Ministério Público possui uma relação numérica dos bueiros -que já estão sendo vistoriados-, mas não pretende divulgar a lista com o objetivo de não desencadear uma desvalorização em tais áreas. A reforma de todas as 4.000 câmaras que oferecem perigo maior à população e ao patrimônio da capital fluminense será realizada em três fases: reestruturação e modernização dos equipamentos, instalação de sensores e, posteriormente, transmissão dos dados coletados a uma central de monitoramento. O TAC firmado entre a Light e o Ministério Público prevê uma multa de R$ 100 mil a cada bueiro que vier a explodir nas ruas da capital fluminense. A penalidade será aplicada de forma independente ao saldo de cada incidente, isto é, mesmo que a explosão não cause danos ou vítimas. Segundo o Ministério Público, o acordo não funcionará de forma retroativa e foi projetado para obrigar a concessionária de fornecimento de energia elétrica a aperfeiçoar suas câmaras subterrâneas. A ideia do MP é aplicar a verba obtida com as possíveis multas pagas pela Light em um fundo de defesa do consumidor. O TAC passará a valer a partir da homologação da 4ª Vara Empresarial, o que deve acontecer o mais rápido possível, segundo o MP. A ideia inicial do Ministério Público –e que chegou a ser sugerida à Justiça– era cobrar multa de R$ 1 milhão a cada bueiro que explodisse na cidade, mas o valor foi considerado exagerado.Mapa mostra locais onde bueiros explodiram no Rio de Janeiro em 2010 e 2011
Reunião
4.000 bombas-relógio
Multa de R$ 100 mil